O mercado da soja segue cercado de incertezas, e os produtores precisam se apoiar mais na gestão financeira do que nas oscilações de preços. De acordo com a TF Agroeconômica, a principal recomendação é clara: siga o seu lucro. A consultoria reforça que cada agricultor deve calcular corretamente os seus custos de produção e manter uma série histórica dos resultados. Quando os preços alcançarem níveis próximos aos de lucro esperado, a venda deve ser realizada sem hesitar, evitando o risco de esperar por novas altas que podem não se concretizar.
Entre os fatores de alta que sustentam os preços, o clima adverso nos Estados Unidos é destaque. A falta de chuvas no cinturão de soja e milho tem prejudicado as lavouras e aumentado a área com seca moderada, o que pode reduzir a produtividade. Além disso, o relatório semanal do USDA mostrou exportações acima do esperado, com vendas de mais de 1,3 milhão de toneladas de soja para a safra 2025/26. No Brasil, as compras consistentes da China também ajudam a segurar os preços, como indicam os números do CEPEA para Paranaguá, com valorização acumulada de 0,97% no mês.
Por outro lado, fatores de baixa pressionam o mercado. A China tem buscado diversificar seus fornecedores e já reservou volumes expressivos de soja da Argentina e do Uruguai para embarque nos próximos meses, podendo alcançar até 10 milhões de toneladas no ciclo 2025/26. Esse movimento reduz a dependência do produto americano e pode limitar novas altas internacionais. Além disso, no Brasil, a baixa demanda por farelo e óleo de soja, associada ao fraco desempenho do programa B30, impede que os preços subam com maior intensidade.
Diante desse cenário, a recomendação é manter disciplina e foco no planejamento financeiro. Mais do que nunca, a decisão de venda deve ser guiada pela calculadora do produtor, e não pelo “achismo” do mercado. Essa postura estratégica é fundamental para garantir margens positivas mesmo em um ambiente de volatilidade e competição global.