Comemorado em 27 de novembro, anualmente, o Dia Nacional de Combate ao Câncer foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1988, por meio da Portaria nº 707. A data tem como objetivo ampliar o conhecimento da população brasileira sobre o câncer, principalmente sobre a sua prevenção.
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores que podem espalhar-se para outras regiões do corpo.
A doença surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas.
Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como ossos, músculos ou cartilagens, são chamados sarcomas.
Embora possa surgir em qualquer parte do corpo, alguns órgãos são mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos. Entre eles está o pulmão, o mais comum entre os tumores malignos, apresentando aumento de 2% ao ano na sua incidência mundial. Em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.
Causas:
Não há causa única que determine o aparecimento do câncer – diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas) podem interagir de várias formas dando início ao adoecimento.
Entre 80% e 90% dos casos, o câncer está associado a causas externas. As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os hábitos e o estilo de vida podem aumentar o risco de se desenvolver diferentes tipos de câncer.
Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente de trabalho (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Os fatores de risco ambientais do câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores alteram a estrutura genética das células.
As causas internas estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação dos tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos.
Existem ainda alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais suscetíveis à ação dos agentes cancerígenos ambientais. Isso parece explicar porque algumas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo carcinógeno.
O envelhecimento natural do ser humano traz mudanças nas células que as tornam mais vulneráveis ao processo cancerígeno. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica, em parte, o porquê de o câncer ser mais frequente nessa fase da vida.
Fatores de risco:
O termo “risco” é usado para definir a chance de uma pessoa sadia, exposta a determinados fatores, ambientais ou hereditários, desenvolver uma doença.
O mesmo fator pode ser de risco para várias doenças – o tabagismo e a obesidade, por exemplo, são fatores de risco para diversos cânceres, além de doenças cardiovasculares e respiratórias.
E ainda, vários fatores de risco podem estar envolvidos na origem de uma mesma doença. Estudos mostram, por exemplo, a associação entre álcool e tabaco com o câncer da cavidade oral.
Nas doenças crônicas como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos anos de uma exposição única aos fatores de risco (radiações ionizantes, por exemplo) ou contínua (no caso da radiação solar ou tabagismo).
A exposição solar prolongada sem proteção adequada durante a infância pode ser uma das causas do câncer de pele no adulto.
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, herdados ou resultado de hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e cultural.
Prevenção:
A prevenção do câncer engloba ações realizadas para reduzir os riscos de ter a doença e classifica-se em primária e secundária.
O objetivo da prevenção primária é impedir que o câncer se desenvolva. Isso inclui evitar a exposição aos fatores de risco e a adoção de um modo de vida saudável. Já a prevenção secundária refere-se à detecção e ao tratamento de doenças pré-malignas (por exemplo, lesão causada pelo vírus HPV ou pólipos nas paredes do intestino) ou cânceres sem sintomas iniciais.
No Brasil, também em 27 de novembro, comemora-se o “Dia Nacional de Luta Contra o Câncer de Mama”, data instituída pela Lei nº 12.116/2009.
O câncer de mama ocorre pela multiplicação desordenada de células anormais nas mamas, resultando em um tumor maligno que pode invadir outros tecidos e órgãos.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no País e no mundo, embora também possa afetar homens.
Segundo o INCA, a taxa de incidência do câncer de mama é de 66,54 novos casos para cada 100 mil mulheres, sendo a primeira causa de morte por câncer na população feminina.
Sinais e sintomas de alerta:
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Câncer de Mama, a recomendação atual é que os seguintes sinais e sintomas sejam considerados como de referência urgente:
– Qualquer nódulo mamário em mulheres com mais de 50 anos;
– Nódulo mamário em mulheres com mais de 30 anos, que persistem por mais de um ciclo menstrual;
– Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade;
– Secreção com sangue de um único mamilo;
– Mudança no formato do mamilo e retração na pele da mama;
– Lesão ou irritação na pele do bico do seio com aparência de alergia ou micose, mas que não melhora com medicamentos comumente usados;
– Caroço que aparece e pode ser sentido em apenas uma das mamas em homens com mais de 50 anos;
– Presença de ínguas ou caroços na axila;
– Aumento progressivo do tamanho da mama com sinais de inchaço e pele com aspecto de casca de laranja.
Fatores de risco:
A idade é o principal fator de risco para o câncer de mama feminino. As taxas de incidência aumentam a partir dos 40 anos, com média de idade ao diagnóstico de 54 anos.
Outros fatores de risco incluem:
– Vida reprodutiva da mulher: menarca precoce, nuliparidade, primeira gestação a termo após os 30 anos, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal;
– Alta densidade do tecido mamário;
– Obesidade;
– Urbanização;
– Maior status socioeconômico.
A história familiar de câncer de mama também influencia o risco. Ele aumenta em 5,5% para mulheres com um parente de primeiro grau afetado e em 13,3% para aquelas com dois parentes de primeiro grau diagnosticados com a doença.
A identificação dos fatores de risco e o diagnóstico precoce são fundamentais. O encaminhamento rápido e adequado para o atendimento especializado torna a Atenção Primária à Saúde essencial para garantir melhores resultados no tratamento e no prognóstico dos casos.
Tratamento e prevenção:
O câncer de mama tem seu prognóstico e tratamento definidos pela localização do tumor, idade da pessoa no momento do diagnóstico e estadiamento da doença. Também são considerados os fatores de risco baseados em critérios histopatológicos, biológicos, moleculares e genéticos.
De forma geral, o prognóstico é mais favorável quando o câncer é diagnosticado e tratado precocemente, em comparação aos casos identificados em estágios mais avançados ou com metástases.
O tratamento pode envolver diferentes abordagens que variam conforme o tipo de tumor, o estadiamento da doença e as características de cada paciente. As opções incluem cirurgia, reconstrução mamária, radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia.
Cerca de 17% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como:
– Praticar atividade física;
– Manter o peso corporal adequado;
– Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
– Amamentar o máximo de tempo possível é um fator de proteção contra o câncer;
– Não fumar e evitar o tabagismo passivo são medidas que podem contribuir para a prevenção do câncer de mama.





