A caderneta de poupança registrou, em maio passado, a primeira captação positiva em 2025: segundo o Banco Central, foram depositados R$ 365 bilhões, contra R$ 364,7 bilhões em saques. Nos quatro meses anteriores, a captação líquida, que é a diferença entre depósitos e retiradas, havia sido negativa. Estes dados confirmam que a preferência nacional pela caderneta de poupança resiste ao tempo, mesmo que poupança esteja longe de ser investimento. Nos últimos anos, diversas opções de investimentos vêm atraindo a atenção dos brasileiros por se mostraram mais rentáveis - e também seguras.
De acordo com o último Raio X do Investidor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), cerca de 32 milhões de pessoas continuam optando por guardar seu dinheiro na poupança. Mas o que justifica esse apego pela tradicional caderneta de poupança? Na avaliação de especialistas da XP, esse número expressivo evidencia como fatores associados à segurança e à familiaridade continuam pesando mais do que a rentabilidade nas decisões financeiras de muitos brasileiros.
A simplicidade da aplicação e o histórico de estabilidade da poupança reforçam sua presença na cultura nacional, mesmo em um cenário econômico que oferece alternativas mais vantajosas, argumenta Gilvania Rufino, líder da XP em Mato Grosso. “Apesar de ser a aplicação mais popular do Brasil entre os conservadores, a poupança está longe de ser considerada um investimento. Em geral, o brasileiro é conservador com o dinheiro, mas poupar é bem diferente de investir. A memória de períodos de instabilidade, como a hiperinflação, ainda está presente, principalmente entre as gerações mais velhas”, explica.
Ela destaca ainda que a carência de educação financeira contribui para que muitas pessoas permaneçam com a opção mais conhecida, ainda que isso signifique perder poder de compra ao longo do tempo.
O mais recente Raio X do Investidor Brasileiro da Anbima traz outro dado interessante: 12% da população da população economizam, mas não investem. “São indivíduos que conseguem economizar, mas optam por manter o dinheiro guardado em casa ou em conta corrente sem rendimentos. Trata-se de um público com potencial não explorado, que poderia começar a investir com orientação prática e ferramentas acessíveis para o ingresso ao mercado”, analisam os autores do relatório.
Cresce a importância da educação financeira – Com a crescente oferta de produtos financeiros rentáveis e seguros, cresce também a oportunidade de levar educação financeira à população, quebrando antigos paradigmas e promovendo escolhas mais conscientes. Dados da Anbima mostram que os investimentos dos brasileiros pessoas físicas cresceram 12,6% em 2024. Esse crescimento reflete uma mudança gradual no comportamento dos investidores, que começam a buscar alternativas mais rentáveis e diversificadas.
Para sair da poupança e diversificar investimentos, Gilvania Rufino lembra que existem opções com diferentes níveis de risco e rentabilidade. Algumas de baixo risco incluem Tesouro Direto, Tesouro Selic, Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e fundos de renda fixa. “Para opções mais arrojadas, pode-se considerar fundos de investimento, fundos imobiliários e ações”, acrescenta Gilvania, citando formas de rentabilizar melhor o dinheiro do investidor com potencial de retorno maior.
O cenário de juros altos e o avanço da educação financeira começam a abrir espaço para uma nova mentalidade. Nesse aspecto, o assessor de investimentos desempenha um papel fundamental na construção de um planejamento financeiro completo, entendendo a jornada financeira e as particularidades, oferecendo orientação técnica, acompanhamento contínuo e auxiliando na definição de objetivos de curto, médio e longo prazo. “O assessor de investimentos personaliza estratégias baseadas em cada perfil e auxilia o cliente a alcançar metas, como, por exemplo, a compra de imóvel ou demais bens, viagens, educação dos filhos, e aposentadoria”, finaliza.