Contador apontado pela Polícia Civil como mentor de um esquema criminoso envolvendo fraude eletrônica milionária foi identificado como Eduardo Cristian Martins Corrêa do Nascimento, 30. Ele foi preso na manhã desta quinta-feira (11), na Operação Domínio Fantasma.
Nas redes socais, Eduardo se apresenta como "contador de empresários digitais" e fundador de duas empresas, a EMX Contabilidade e EMX Recebimentos Real x USDT, além de apontar que abriu mais de “4000 mil CNPJs pelo Brasil”.
Ele responde pelos crimes de associação criminosa, fraudes eletrônicas, lavagem de dinheiro e crime contra a relação de consumo. Além da prisão, são cumpridas 7 buscas e apreensão, duas cautelares diversas da prisão e o sequestro de R$ 5 milhões. Há ainda o sequestro de dois imóveis e 5 carros de luxo.
Justiça autorizou ainda quebra de dados telemáticos, suspensão de dois perfis nas redes sociais, 3 suspensões de sites e 3 suspensões de atividades econômicas.
Conforme apurado, os investigadores prenderam Eduardo em um condomínio de alto padrão na região do Despraiado. No local, também foi cumprida uma busca e apreensão. Equipamentos eletrônicos foram levados.
Reportagem apurou ainda que outros alvos de busca são a esposa do contador e o irmão dele, de 25 e 28 anos. O escritório dele, no edifício The Point, também foi alvo das apreensões, porém, o local estava “vazio”, já que ele tinha acabado de mudar.
Polícia Civil aponta que Eduardo usa o conhecimento técnico para fabricar centenas de CNPJs. Com isso, ele usava em golpes de e-commerce em todo o Brasil.
As investigações, conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), levantaram indícios robustos de que o grupo investigado se associou de forma estável para cometer os crimes, utilizando as empresas de fachada para lavar milhões de reais obtidos com as fraudes eletrônicas.
Criação de empresas
O trabalho investigativo teve início após a equipe da DRCI receber um alerta da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), sobre a criação massiva de empresas por um único contador, as quais estavam cadastradas, em sua maioria, em um único endereço em Cuiabá.
Durante a apuração dos fatos, foram identificadas 310 empresas abertas pelo investigado entre os anos de 2020 e 2024, das quais 182 já estavam baixadas ou suspensas, chamando atenção para o fato que quase todas estavam registradas no mesmo endereço. No endereço, foi verificado que funcionava uma sala comercial sem qualquer identificação, embora servisse de sede para empresas ativas no papel.
Funcionamento do esquema
O principal alvo se apresentava no Instagram como contador digital especializado em dropshipping (modelo de comércio eletrônico no qual o vendedor não mantém estoque próprio. Em vez disso, ele atua como intermediário entre o fornecedor e o consumidor final) e iGaming (segmento de jogos de azar pela internet).
Para praticar os golpes, ele criava CNPJs em nome de "laranjas", geralmente jovens de baixa renda, residentes fora de Mato Grosso, para servirem de fachada. Os CNPJs eram usados para registrar sites de e-commerce falsos, de diferentes segmentos como brinquedos, roupas e roupas masculinas, entre outros.
Os sites eram impulsionados com anúncios patrocinados nas plataformas digitais. Em um dos casos, os criminosos clonaram o site da loja de uma marca famosa no ramo de cosméticos para enganar clientes.
Vítimas de diversos lugares do país, identificadas no inquérito, compravam os produtos, pagavam via Pix ou cartão, mas nunca recebiam as mercadorias. Os sites acumulavam diversas reclamações no "Reclame Aqui".



