Os preços do petróleo dispararam nesta segunda-feira (23), após os Estados Unidos se unirem a Israel em um ataque contra instalações nucleares do Irã. O barril do Brent subiu 0,8%, cotado a 77,62 dólares, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) avançou para 74,42 dólares no início do pregão. No fim de semana, os valores chegaram a bater 81 dólares, antes de sofrerem leve acomodação.
O aumento reflete a escalada do conflito no Golfo Pérsico e o temor de uma crise no abastecimento mundial. No domingo (22), o Parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz — principal corredor marítimo do petróleo no planeta, responsável pelo escoamento de cerca de 30% da commodity transportada pelo mundo.
A medida ainda precisa ser ratificada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional e pelo líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Caso confirmada, o bloqueio pode pressionar os preços internacionais do petróleo e afetar diretamente o abastecimento de países asiáticos, europeus e dos próprios Estados Unidos.
Localizado entre o Irã e Omã, o Estreito de Ormuz tem apenas 33 quilômetros em seu ponto mais estreito, com canais de navegação limitados. Por ele passam, diariamente, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris de petróleo, segundo dados da plataforma de rastreamento marítimo Vortexa.
Reação americana
A resposta americana veio por meio do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que classificou a possível interdição como uma ação “suicida” para o Irã. Segundo ele, “toda a economia iraniana passa pelo Estreito de Ormuz”, o que tornaria a medida insustentável a longo prazo para Teerã.
A segurança da região é atualmente garantida pela 5ª Frota da Marinha dos EUA, baseada no Bahrein, que já reforçou a orientação para que navios petroleiros redobrem a cautela ao cruzarem a rota. A tensão militar e diplomática eleva o risco de novos confrontos e possíveis interrupções no fluxo global de petróleo.
Este não é o primeiro episódio em que o Irã ameaça bloquear o estreito. A última grande tensão ocorreu em 2019, após o então presidente Donald Trump retirar os Estados Unidos do acordo nuclear com o país persa. Desta vez, no entanto, o cenário é ainda mais volátil e o impacto sobre o mercado energético global, mais imediato.