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Quarta-feira, 18 de Junho de 2025, 10h:19 - A | A

PRIORIDADES INVERTIDAS

Lula destina US$ 5 milhões ao Caribe enquanto enfrenta crises no Brasil

Anúncio de aporte ao Banco de Desenvolvimento do Caribe expõe prioridade externa do governo em meio a desafios internos

Da Redação

Enquanto o Brasil enfrenta carências em áreas essenciais como saúde pública, segurança e infraestrutura, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou durante a Cúpula Brasil-Caribe o repasse de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 27 milhões) ao Fundo de Desenvolvimento Especial do Banco de Desenvolvimento do Caribe (BDC). A decisão, apresentada como um gesto de cooperação internacional, levanta questionamentos sobre as prioridades do governo em um momento de graves demandas sociais no território nacional.

No discurso, Lula também propôs a criação de um fórum ministerial permanente com os países caribenhos e definiu cinco áreas prioritárias para atuação conjunta: mudança climática, transição energética, conectividade, desenvolvimento do Haiti e segurança alimentar. O presidente ainda celebrou acordos de conectividade aérea com Barbados e Suriname, além de defender maior integração viária e marítima.

Para críticos, o gesto evidencia uma estratégia de projeção diplomática enquanto o país enfrenta dificuldades para aprovar reformas e atender demandas internas urgentes. Em meio a hospitais superlotados, aumento da violência e obras de infraestrutura paralisadas, a destinação de recursos para fora do país é vista como inadequada e desconectada das necessidades imediatas da população brasileira.

A movimentação também ocorre num contexto em que o governo tenta recuperar espaço no cenário internacional e ampliar sua influência em instituições multilaterais. O Brasil ocupa desde 2024 a presidência do Conselho de Governadores do BDC e, segundo analistas, busca capitalizar politicamente esse posto.

Para setores da oposição, o anúncio revela o distanciamento do Palácio do Planalto em relação às demandas reais da sociedade brasileira. “Falta investimento onde mais importa: na saúde, na segurança, nas estradas e nas escolas. A prioridade deveria ser aqui, não lá fora”, criticou um parlamentar.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu a iniciativa, classificando-a como parte do compromisso brasileiro com o multilateralismo e o combate à fome. Ainda assim, o contraste entre a política externa ativa e os impasses internos segue gerando controvérsia.

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