icon-weather

Quinta-feira, 13 de Novembro de 2025, 15h:09 - A | A

Escândalo nos EUA

'Sou o único capaz de derrubar Trump', disse Epstein em e-mail

G1

A nova leva de e-mails do empresário norte-americano Jeffrey Epstein divulgada na quarta-feira (12) revela uma mensagem em que Esptein diz ser o único "capaz de derrubar" o atual presidente dos Estados UnidosDonald Trump.

A mensagem, trazida à tona pelo jornal "The New York Times", está entre os cerca de 20 mil arquivos que deputados dos EUA tornaram públicos na quarta ligados às investigações que incriminaram Epstein e que mostram Trump sendo mencionado em diferentes e-mails que o empresário enviou o recebeu.

Em uma conversa com um conhecido em dezembro de 2018, cuja identidade não foi divulgada, este comenta com o bilionário sobre Trump, então em seu primeiro mandato como presidente:

"Isso tudo vai passar! Eles estão mesmo tentando derrubar o Trump e fazendo tudo o que podem para conseguir isso…!", afirmou o remetente.

Epstein, então responde:

"Sim, obrigado. Isso é muito louco. Eu sou o único capaz de derrubá-lo (Trump)".

Àquela altura, a Justiça estava fechando o cerco ao redor de Epstein, que seria preso em julho do ano seguinte. O bilionário e o republicano já haviam rompido a amizade.

Epstein e Trump foram amigos durante cerca de duas décadas, mas a relação chegou ao fim em meados dos anos 2000. Há indicações de que ambos permaneceram brigados até a morte de Epstein.

No fim de 2018, uma série de reportagens do jornal "Miami Herald" havia revelado que um secretário de Trump havia assinado o acordo extrajudicial que havia livrado Epstein de uma punição severa em um processo por abuso sexual de menores dez anos antes.

Em reação, para descolar o governo Trump da associação a Epstein, o Departamento de Justiça ordenou uma investigação criminal contra o bilionário. A ação pode ter aflorado os ânimos deste em relação ao republicano.

A maioria das mensagens de Epstein divulgadas em que o empresário menciona Trump, pontua o "New York Times", são banais. Em 2015, ao ser perguntado por outro contato sobre a situação econômica, ele responde que "Trump está amedrontando os mercados, não a China" — naquele momento, Trump havia anunciado sua intenção de concorrer à Presidência.

E-mails

O Congresso dos Estados Unidos publicou na quarta-feira arquivos com mensagens que indicam que Trump poderia ter conhecimento da conduta de Epstein (leia mais abaixo). Em um deles, o empresário afirmou que o atual presidente dos EUA “passou horas” na casa do bilionário com uma das vítimas.

  • Jeffrey Epstein foi um empresário norte-americano conhecido por sua ampla rede de contatos com políticos, celebridades e executivos.
  • Ele foi acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual.
  • Epstein foi preso em julho de 2019 e, segundo as autoridades dos EUA, tirou a própria vida um mês depois, dentro da cela.

É de conhecimento público que Trump e Epstein foram amigos nas décadas de 1990 e 2000. O atual presidente nunca foi investigado no caso e afirma ter se afastado do bilionário assim que as acusações surgiram.

Durante a campanha de 2024, Trump prometeu mais de uma vez que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos arquivos secretos sobre as investigações. Após a posse, no entanto, o discurso mudou.

  • Em julho, Trump chamou uma suposta lista de clientes de Epstein de “farsa“ e “bobagem“, acusando a “esquerda radical” de alimentar boatos.
  • A mudança no tom frustrou apoiadores do presidente, muitos dos quais espalham teorias da conspiração sobre o caso.
  • O movimento aumentou a pressão política por parte da oposição e de alguns membros do partido de Trump para que todos os documentos da investigação fossem tornados públicos.

Nesta quarta-feira, a Câmara dos Deputados reuniu assinaturas suficientes para votar uma moção que força o governo a divulgar todos os documentos da investigação. A iniciativa conta, inclusive, com o apoio de republicanos.

De acordo com a imprensa americana, mesmo que a moção seja aprovada na Câmara, ela deve ser barrada no Senado. Ainda assim, se fosse aprovada nas duas casas, Trump poderia vetar a proposta — o que representaria um desgaste político para o presidente.

1. Epstein e as acusações de abuso

Epstein conviveu com milionários de Wall Street, membros da realeza e celebridades antes de se declarar culpado de exploração sexual de menores.

Segundo a acusação, o bilionário pagava para que meninas fossem até imóveis dele e realizassem atos sexuais. As menores também eram contratadas para recrutar outras garotas para a mesma finalidade.

Dezenas de mulheres acusaram Epstein de forçá-las a prestar serviços sexuais a ele e a seus convidados em uma ilha particular no Caribe e nas casas que ele tinha em Nova York, na Flórida e no Novo México.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas menores de idade.

2. Como foi a investigação e prisão de Epstein?

Epstein foi investigado pela primeira vez em 2005, depois que a polícia de Palm Beach, na Flórida, recebeu denúncias de abusos sexuais contra meninas menores de idade. Na época, ele alegou que os encontros foram consensuais e que acreditava que as vítimas tinham 18 anos.

  • De acordo com a acusação, o bilionário abusou de menores ou recrutou garotas para atos sexuais entre 2002 e 2005.
  • Em 2008, ele se declarou culpado do crime de exploração de menores e fez um acordo para cumprir 13 meses de prisão e pagar indenizações às vítimas.

Em fevereiro de 2019, um juiz distrital da Flórida considerou que o acordo era ilegal. Em julho do mesmo ano, Epstein foi novamente preso, acusado de abuso de menores e de operar uma rede de exploração sexual.

Promotores federais pediram que o bilionário permanecesse detido até o julgamento, alegando que “riqueza exorbitante”, a posse de aviões privados e os laços internacionais dele poderiam facilitar uma fuga.

Epstein foi encontrado morto na prisão em agosto de 2019. A autópsia concluiu que ele tirou a própria vida. Dois dias antes de morrer, o bilionário havia assinado um testamento deixando um patrimônio avaliado em mais de US$ 577 milhões.

Após a morte do empresário, as acusações contra ele foram retiradas. No entanto, promotores afirmaram que outras pessoas poderiam ser processadas por envolvimento no esquema, e advogados das vítimas prometeram buscar indenizações na Justiça.

3. O que Trump tem a ver com Epstein

É de conhecimento público que Donald Trump e Jeffrey Epstein foram amigos até os anos 2000. O atual presidente afirma ter se afastado do bilionário quando as denúncias de abuso sexual vieram à tona.

  • ???? Ao longo das investigações, nunca houve evidências de que Trump tenha se envolvido em crimes ligados a Epstein.

Documentos revelados em fevereiro pelo Departamento de Justiça mostram o nome de Trump em registros de voos associados ao bilionário.

  • Em duas dessas viagens, realizadas em maio de 1994, o presidente aparece ao lado de outras pessoas, como Marla Maples, sua ex-esposa, e Tiffany, filha do casal.
  • Os registros também incluem as iniciais “JE”, que, segundo a imprensa americana, seriam de Jeffrey Epstein.
  • Os arquivos não indicam nenhuma irregularidade por parte de Trump.

Em agosto, deputados democratas divulgaram uma suposta carta que teria sido enviada por Trump a Epstein, com o desenho de uma mulher nua. O conteúdo da mensagem havia sido revelado pela primeira vez pelo Wall Street Journal um mês antes.

  • De acordo com o jornal, a correspondência fazia parte de um álbum comemorativo produzido por Ghislaine Maxwell, parceira de Epstein, para celebrar o aniversário de 50 anos do bilionário.
  • A carta teria sido enviada em 2003, anos antes da prisão de Epstein.
  • O documento traz uma mensagem datilografada dentro da silhueta de uma mulher nua desenhada à mão.
  • A assinatura “Donald” aparece abaixo da cintura da figura. O texto termina com a frase: “Feliz aniversário — e que cada dia seja mais um maravilhoso segredo.”

Após a divulgação da carta, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou o documento como falso e afirmou que “está muito claro que o presidente Trump não desenhou a imagem nem a assinou.”

4. O que dizem os novos e-mails

Segundo deputados democratas, as mensagens divulgadas nesta quarta-feira levantam novas dúvidas sobre a relação entre Trump e Epstein. Já o jornal "The New York Times" afirmou que o presidente pode ter mais conhecimento da conduta de Epstein do que admitiu publicamente.

Em um dos e-mails divulgados, de janeiro de 2019, o bilionário escreveu que Trump “sabia sobre as garotas”. No mesmo texto, aparecem o nome de uma vítima — que foi censurado — e a menção a Mar-a-Lago, resort do presidente na Flórida.

Em outra mensagem, enviada em abril de 2018, Epstein escreveu a Ghislaine Maxwell sobre Trump.

“Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump”, afirmou. Em seguida, acrescentou que uma das vítimas “passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.

Outro arquivo mostra Epstein refletindo sobre como deveria responder a perguntas da imprensa sobre sua relação com Trump, que à época começava a ganhar destaque como figura política nacional.

Em uma rede social, Trump afirmou que a polêmica envolvendo os e-mails é uma “armadilha” criada pelos democratas.

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os arquivos mostram que presidente “não fez nada de errado” e acusou os democratas de divulgarem os e-mails “para difamar Trump”.

5. O impacto do caso no governo

O divulgação dos e-mails reacendeu pressões sobre o governo Trump para liberar todos os documentos relacionados a Jeffrey Epstein.

Durante a campanha de 2024, o presidente prometeu mais de uma vez que, se voltasse à Casa Branca, tornaria públicos arquivos secretos sobre as investigações. Em uma entrevista, ele chegou a dizer ser “muito estranho” que uma lista de clientes de Epstein nunca tivesse sido divulgada.

"É muito interessante, não é?”, afirmou. Trump também garantiu que “não teria problema” em revelar os nomes.
  • ???? A chamada “Lista de Epstein” seria um suposto documento com nomes de pessoas envolvidas no escândalo sexual.

Em fevereiro deste ano, o governo divulgou uma série de arquivos sobre o caso. A procuradora-geral de Trump, Pam Bondi, chegou a dizer que uma lista de clientes de Epstein estava em sua “mesa para ser revisada”.

  • Depois, no entanto, o Departamento de Justiça afirmou não ter encontrado provas da existência dessa relação.
  • A declaração frustrou apoiadores de Trump, muitos dos quais espalham teorias da conspiração sobre o caso — algumas impulsionadas pelo próprio presidente.
  • Desde então, Trump passou a minimizar o assunto e até chamou de “idiota” quem ainda se importava com o tema.

Por outro lado, segundo o Wall Street Journal, o presidente foi avisado em maio pelo Departamento de Justiça que seu nome aparecia nos documentos de Epstein. A Casa Branca classificou a reportagem do jornal como “fake news”.

Comente esta notícia