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Terça-feira, 11 de Novembro de 2025, 08h:19 - A | A

RECRUTAVA 'LARANJAS'

Contador especializado em 'contabilidade digital' criou mais de 300 empresas de fachada e movimentou R$ 5 milhões em golpes de e-commerce

Ele registrava CNPJs em nome de “laranjas”, criava sites falsos de venda de produtos e encerrava as páginas logo após receber os pagamentos das vítimas

DA REDAÇÃO

O contador alvo da Operação Domínio Fantasma, deflagrada na manhã desta terça-feira (11), se apresentava nas redes sociais como especialista em contabilidade digital e criou mais de 300 empresas de fachada para aplicar golpes de comércio eletrônico e lavar cerca de R$ 5 milhões em todo o país. Segundo as investigações, o profissional utilizava sua expertise técnica para registrar CNPJs em nome de “laranjas”, criar sites falsos de venda de produtos e abandonar as páginas logo após receber os pagamentos das vítimas.

As investigações são conduzidas pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), que identificou a criação sistemática de empresas de fachada entre os anos de 2020 e 2024. Ao todo, foram abertas 310 pessoas jurídicas pelo contador, sendo que 182 já estavam baixadas ou suspensas. A maioria delas estava vinculada a um único endereço comercial em Cuiabá, onde funcionava apenas uma sala sem identificação, utilizada exclusivamente para dar aparência legal às atividades.

Segundo a Polícia Civil, o contador se apresentava publicamente no instagram como profissional voltado ao dropshipping e ao iGaming, modelos que exigem transações digitais frequentes e que eram utilizados como narrativa para justificar a movimentação financeira dos CNPJs.

Para operacionalizar os golpes, ele recrutava jovens de baixa renda de outros estados, que forneciam dados pessoais para figurarem como proprietários das empresas, atuando como “laranjas”.

Com os CNPJs constituídos, o grupo registrava sites de e-commerce que simulavam a venda de produtos como roupas, brinquedos e cosméticos. As lojas eram promovidas por meio de anúncios patrocinados, alcançando consumidores de diversos estados. Em alguns casos, os criminosos chegaram a clonar o layout e a identidade visual de marcas consolidadas. As vítimas realizavam as compras e efetuavam pagamentos via Pix ou cartão, mas nunca recebiam os produtos.

Os sites eram desativados quando acumulavam reclamações, especialmente em plataformas como o Reclame Aqui, sendo rapidamente substituídos por novos domínios.

Operação Domínio Fantasma

São cumpridos 33 ordens judiciais expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juiz das Garantias de Cuiabá. Entre elas, estão um mandado de prisão preventiva contra o contador, sete mandados de busca e apreensão, medidas cautelares diversas de prisão, bloqueio de R$ 5 milhões, sequestro de imóveis e apreensão de veículos de luxo.

Também foram determinadas quebras de dados telemáticos, suspensão de perfis em redes sociais, retirada de sites do ar e interrupção de atividades econômicas ligadas ao esquema. Os mandados são cumpridos em Cuiabá e Sorriso.

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