O rapper Mano Brown publicou um pedido formal de desculpas a Camila Pitanga e seu pai, Antonio Pitanga, nesta sexta-feira (5/09), após a repercussão de um trecho do podcast “Mano a Mano”. Na gravação, o apresentador questionou a identidade racial da atriz, utilizando o termo “mulata”, que foi imediatamente corrigido por Camila, que se afirmou como negra.
A controvérsia surgiu a partir de um vídeo divulgado em 21 de agosto nas redes sociais do programa, onde Mano Brown e Camila Pitanga discutem como pessoas negras de diferentes tonalidades são percebidas socialmente. O debate gerou diversos comentários nas plataformas digitais, motivando a retratação do rapper.
No comunicado publicado em seus stories do Instagram, Mano Brown expressou: “Venho agradecer imensamente pela recepção calorosa da nova temporada do Mano a Mano. Cada episódio foi pensado com cuidado e propósito, e estamos felizes em ver como essa troca tem tocado e gerado reflexões no nosso público. Também quero emitir um sincero pedido de desculpas à família Pitanga, em especial a Antônio e Camila Pitanga, nossos convidados, pelos transtornos causados pela repercussão do episódio”.
O rapper assumiu responsabilidade pelo ocorrido e acrescentou: “Reconhecemos que a condução do tema e a forma como o episódio foi divulgado são de total responsabilidade nossa, especialmente por se tratar de um assunto polêmico e atual. Reforçamos também que os convidados tiveram uma excelente participação, contribuindo com respeito, sabedoria e generosidade para o debate”.
Durante o episódio, o diálogo entre os dois revelou diferentes perspectivas sobre identidade racial. “Você é mulher mulata? Posso usar esse termo ou não?”, perguntou Mano Brown. “Negra”, respondeu Camila. “Você sabe que a gente é lido como pardo, certo?”, continuou o artista. A atriz afirmou: “Tudo bem, mas eu não me chamo de parda”.
Mano Brown explicou seu ponto de vista: “Eu também não, mas mulato eu sou e eu entendo como a gente é lido. Não adianta eu querer ser o blue [retinto], as pessoas me leem como o brown [negro de pele clara]. Certo? E na vida é assim: o mais escuro é o mais escuro, a gente é mais claro, porque a gente teve mistura e tal. E você é lida dessa forma. Eu já vi debates sobre a sua raça e sobre a minha. Sim. Se você é negra ou não. Então, por isso que eu te pergunto: a visão, a forma como ele [Antonio Pitanga, pai dela] é visto, é diferente de você. Certo?”.
Camila manteve sua posição na conversa: “Mas uma coisa é como me veem e outra é como eu me vejo”. Quando questionada sobre como se identifica, ela declarou: “Como uma mulher negra em movimento. A questão é que, tendo esse baobá do meu lado, tendo Benedita da Silva como também parte da minha ancestralidade, sendo filha de Vera Manhães, tendo essa ancestralidade forte e muito clara no meu horizonte, na minha raiz, eu sei que a gente, quando sabe de si, se coloca com força para o mundo. E isso tem, isso, você não precisa do outro para se reconhecer, se validar”.
O podcast “Mano a Mano” é apresentado por Mano Brown e Semayat Oliveira. O episódio em questão contou com a participação de pai e filha como convidados.