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Terça-feira, 18 de Novembro de 2025, 13h:04 - A | A

risco de falência

Banco Central determina a liquidação extrajudicial do Banco Master

A medida foi anunciada um dia após a Fictor Holding tentar comprar o banco de Daniel Vorcaro, que foi preso nesta terça (18) em operação da Polícia Federal

G1

O Banco Central decidiu nesta terça-feira (18) colocar o Banco Master sob administração especial temporária por 120 dias e decretar a liquidação extrajudicial do conglomerado.

A decisão veio um dia depois de a Fictor Holding apresentar uma proposta de compra da instituição de Daniel Vorcaro — e pouco mais de dois meses após o BC ter rejeitado a aquisição pelo BRB (Banco de Brasília). Vorcaro também foi preso hoje em uma operação da Polícia Federal. (Veja mais abaixo).

A EFB Regimes Especiais de Empresas foi designada para conduzir a administração especial. Com a liquidação, qualquer negociação de compra em curso é automaticamente interrompida.

  Liquidação extrajudicial é quando o Banco Central fecha um banco que não tem mais condições de funcionar. Um liquidante assume o controle, encerra as operações, vende os bens e paga os credores na ordem prevista em lei, até extinguir a instituição. Nessa etapa, as operações são encerradas e o banco deixa de integrar o sistema financeiro nacional.

No ofício assinado pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a liquidação do Banco Master acontece "em razão do comprometimento da situação econômico-financeira da instituição, com deterioração da situação de liquidez, bem como por infringência às normas que disciplinam a atividade bancária e inobservância das determinações do Banco Central do Brasil".

O Banco Master já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e a investimentos considerados arriscados. A instituição emitia CDBs que pagavam até 40% acima da taxa básica do mercado e mantinha posições em precatórios e em empresas em dificuldades.

Para evitar a quebra, foram feitas tentativas de venda, como a proposta do BRB, mas todas acabaram envolvidas em questionamentos, pressões políticas e falta de transparência. (Veja mais abaixo)

Órgãos de controle e o Banco Central passaram a contestar a operação, que também foi impactada por menções ao Master em diversas investigações, além de pressões políticas e disputas judiciais.

 PF prende Daniel Vorcaro
Nesta terça, a Polícia Federal também prendeu Daniel Vorcaro em Guarulhos, durante a Operação Compliance Zero, que cumpre sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.

Após a prisão, ele foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Sua defesa não foi localizada pela reportagem.

O objetivo da operação é combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras do Sistema Financeiro Nacional.

As investigações começaram em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito sem lastro por uma instituição financeira.

Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada.

São investigados crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.

Fictor anuncia compra do Banco Master
O anúncio do BC ocorre após a tentativa da Fictor Holding Financeira — patrocinadora do Palmeiras — de adquirir o Banco Master. A proposta previa um aporte imediato de R$ 3 bilhões para reforçar a estrutura de capital da instituição, que enfrenta dificuldades financeiras.

A Fictor Holding Financeira é um grupo de participações e gestão de empresas, que atua nos setores de serviços financeiros, indústria alimentícia e infraestrutura.

O consórcio, liderado pela Fictor, contou com investidores dos Emirados Árabes Unidos. A operação ainda dependia da aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

BRB já tentou comprar
Antes da proposta da Fictor, o Banco de Brasília (BRB) já havia protagonizado uma tentativa frustrada de adquirir a instituição financeira de Daniel Vorcaro.

O BRB e o Master haviam anunciado a operação em março, mas o negócio foi barrado cinco meses depois pela diretoria colegiada do Banco Central — instância máxima do BC, composta pelo presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e mais oito diretores.

Segundo a decisão, divulgada em setembro, os dirigentes do BC negaram a operação por entenderem que o pedido não contemplava todos os requisitos necessários, indicando a ausência de documentos que comprovassem a "viabilidade econômico-financeira".

A aprovação pelo BC seria o último passo para a conclusão do negócio, já que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) havia dado o aval à operação em junho.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal também havia aprovado uma lei autorizando a compra – proposta e sancionada em tempo recorde pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, defensor da transação.

Anunciado em março, o acordo entre os bancos previa que o BRB, uma sociedade de capital e controlada majoritariamente pelo governo do Distrito Federal, adquirisse:

49% das ações ordinárias
100% das preferenciais e
58% do capital total do Master.

 

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