A Umbanda é uma religião brasileira que nasce do encontro de povos, culturas e memórias. É espiritualidade tecida de fé, ancestralidade e acolhimento — um abraço que cura, protege e reconhece a alma humana em sua inteireza. Carrega a força da terra, a suavidade das águas, o mistério da mata e o fogo que transforma.
Neste chão sagrado, onde cada imagem guarda um segredo antigo, o congá reluz em cores vivas. Cada vela acesa é um pedido da alma. A fé se torna caminho, e a luz se faz guia. Aqui, o sagrado se aproxima. Pretos Velhos abençoam com a paciência que vem do tempo. Pombagiras lembram que o amor-próprio é a chave da libertação. Ancestrais sussurram sabedoria para quem sabe ouvir.
A Umbanda é ponte. É rezo que dança, silêncio que acolhe, simplicidade que revela o divino. Mas essa luz não é ingênua: ela guarda. Na Umbanda, não se fala em “dar a outra face”, e sim em sustentar a própria — com altivez, com firmeza e com a resistência que brota da ancestralidade. É coragem que protege. São Caboclos firmando os passos, falanges guardando os portais. A paz da Umbanda é viva, é vigilante. É amor que guia e raiz que defende.
A sabedoria ancestral ensina: firmeza não é dureza, assim como acolhimento não é fragilidade. É possível proteger sem apagar a própria luz. É possível amar sem se diminuir. No movimento em que opostos se completam, a Umbanda encontra seu equilíbrio: nem submissão, nem imposição — apenas dignidade.
Na gira da vida, descobrimos que não somos feitos de um só lado, mas de todos os caminhos que nos atravessam. Somos dor e potência, sombra e claridade, fragilidade e resistência. A Umbanda acolhe tudo isso porque reconhece, em cada ser, um universo inteiro.
E assim seguimos: no toque do atabaque que chama, no canto que ecoa, na arruda que defuma a alma, nas águas que acalmam. Umbanda é luz que acolhe e firmeza que protege. Umbanda é equilíbrio. Umbanda é vida.
Salve este terreiro de amor. Salve as forças que guiam cada coração que entra com verdade. Saravá!
Soraya Medeiros é jornalista.
