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Terça-feira, 01 de Julho de 2025, 10h:56 - A | A

Segundo o SBU

Rússia paga jovens ucranianos para serem homens-bomba involuntários

R7

Agentes de inteligência russos estão recrutando adolescentes e jovens adultos na Ucrânia para realizar ataques com explosivos sem que saibam o que estão carregando. O esquema, revelado por autoridades de segurança da Ucrânia, já resultou em dezenas de explosões e diversas mortes, segundo Kiev. Em alguns casos, os próprios recrutas foram mortos pelas bombas que transportavam, sem saber que estavam sendo usados como iscas.

De acordo com relatórios do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), os aliciadores atuam por meio de grupos no aplicativo Telegram, onde oferecem pequenas tarefas e promessas de pagamento em dólares ou criptomoedas. Os alvos são jovens desempregados ou em situação de vulnerabilidade na Ucrânia, que aceitam as propostas sem ter noção das consequências.

Um dos casos mais recentes ocorreu em fevereiro, na cidade de Rivne, no oeste do país. Oleh, de 19 anos, foi recrutado para supostamente pichar a fachada de uma delegacia. Ao abrir a mochila recebida de um contato, encontrou o que parecia ser uma bomba caseira. Assustado, tentou alertar um policial, mas acabou preso junto com um amigo que o acompanhava. Ambos aguardam julgamento por terrorismo e podem ser condenados a até 12 anos de prisão.

Segundo o SBU, mais de 700 pessoas foram detidas desde o início de 2024 por participação em atos de sabotagem, incêndio ou terrorismo. Cerca de um quarto dos detidos são adolescentes. Em alguns casos, os próprios recrutadores acionam as bombas à distância para matar os portadores. Os dispositivos contêm celulares com geolocalização e câmeras para monitorar o trajeto da vítima. O objetivo é causar pânico e registrar os ataques como supostos atos de revolta interna.

Autoridades ucranianas afirmam que a estratégia marca uma nova fase da guerra russa, com uso de táticas próximas do terrorismo. Acredita-se que os responsáveis façam parte dos serviços de inteligência da Rússia, como o GRU e o FSB. Os recrutadores muitas vezes se passam por ucranianos insatisfeitos com a guerra e usam chantagens emocionais ou ameaças para manter o controle dos aliciados.

O SBU lançou campanhas educativas em escolas para alertar adolescentes sobre os riscos e criou um canal de denúncias para casos suspeitos no Telegram. Em nota, a agência de segurança comparou os esquemas a armadilhas. “O único queijo de graça está na ratoeira”, disse um dos agentes envolvidos ao jornal The Guardian.

Até agora, os ataques russos fora da Ucrânia têm se limitado a sabotagens e incêndios, mas há temor de uma escalada.

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